Na
penumbra, a luz vagamente azul do monitor revela as ondulações de seu rosto, oculto
sob o capuz que foi meu um dia. Os olhos percorrem as redes sociais, os portais
de notícias e os mapas da cidade, por onde ele se movimenta, incógnito. Logo,
ele desliza na noite fria como um espectro, põe o estêncil no spot e preenche de tinta os espaços
vazios. O discreto ruído da tinta que se esplende sobre a parede é o único
sinal de vida nesse canto escuro do labirinto de Londres. Em seguida, ele contorna as linhas de
definição das imagens, e ao concluir a intervenção, ele próprio dissolve-se na
escuridão como um sonho tênue. Ao amanhecer, os cidadãos de todo o mundo descobrem
que os mísseis, os tanques e os ratos de todos os parlamentos tinham desaparecido.
para Banksy
Fernão Gomes
Nenhum comentário:
Postar um comentário