quarta-feira, 16 de novembro de 2011

PALEOLÍTICO


Na penumbra, a luz vagamente azul do monitor revela as ondulações de seu rosto, oculto sob o capuz que foi meu um dia. Os olhos percorrem as redes sociais, os portais de notícias e os mapas da cidade, por onde ele se movimenta, incógnito. Logo, ele desliza na noite fria como um espectro, põe o estêncil no spot e preenche de tinta os espaços vazios. O discreto ruído da tinta que se esplende sobre a parede é o único sinal de vida nesse canto escuro do labirinto de Londres.  Em seguida, ele contorna as linhas de definição das imagens, e ao concluir a intervenção, ele próprio dissolve-se na escuridão como um sonho tênue. Ao amanhecer, os cidadãos de todo o mundo descobrem que os mísseis, os tanques e os ratos de todos os parlamentos  tinham desaparecido.

para Banksy

Fernão Gomes

Nenhum comentário:

Postar um comentário