Quando
a noite cai, uns após outros, vão os prosadores, em silêncio, à beira do abismo.
E ali, transidos, lançam olhares ao grande vazio. Quando a noite cai, uns após
outros, vão os prosadores, em silêncio, à beira do abismo. E ali, tolhidos,
fixam olhares nas pedras do fundo do abismo. Ó Deus, eu vejo quão profundo é o
vazio, eu vejo quão tolos somos nós, o abismo está em nós. Quando a noite cai,
nas últimas luzes do dia, os prosadores descem, seguindo as trilhas, à beira do
abismo. E ali, perdidos, contemplam o fundo do abismo. Ó Deus, eu vejo quão profundo é o vazio, eu
vejo quão tolos somos nós, o abismo está em nós. Ó Deus, por que também vou
para a beira do abismo? Quão profundo é o abismo; o abismo somos nós.
a.
o.
FERNÃO GOMES
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