quarta-feira, 7 de julho de 2010

EON


As luminárias foram dispostas por toda a extensão da plataforma extrema, cujos limites revelavam os precipícios vertiginosos daqueles confins. Quando o crepúsculo manifestou-se (de fato, havia uma certa tonalidade no céu), as monjas apareceram, vindas das portas escuras do convento, silenciosas, enfileiradas, e, pouco a pouco, ocuparam os espaços daquele vasto terraço entranhado nos cumes altíssimos. Dispuseram-se por entre as lanternas que flutuavam sobre suas cabeças e permaneceram imóveis até que anoitecesse por completo. Só então se descobriram, voltaram os olhos para o céu e contemplaram o espetáculo: uma a uma, as estrelas, na imensidão de trevas, começaram a extinguir-se.
para Arthur C. Clarke
FERNÃO GOMES

2 comentários:

  1. É uma bela passagem! Não só pelo cenário e situação inusitados - "monjas", "convento" etc -, mas também pela última palavra... minha surpresa ao lê-la talvez tenha sido possível notadamente por conta do tamanho do texto, do seu projeto de escrito, do tipo de ficção que você se propõe!!! Precisamos de mais dessas "pílulas pós-modernas" de ficção...

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  2. CORREÇÃO: "...DO TIPO DE FICÇÃO QUE VOCÊ PROPÕE"

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